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NORDESTINOS E… MARQUETEIROS- POR RAUL MONTEIRO

Publicado em: 30/10/2014

Foto: Divulgação

Duda Mendonça

Acusados de representarem o atraso ou aquilo que deve ser expurgado do país ou separado da elite sulista rica ou pelo menos bem sucedida, principalmente depois desta refrega eleitoral, nordestinos foram fundamentais na vitória dos últimos três presidentes da República, inclusive na reeleição, no último domingo, de Dilma Rousseff (PT) não apenas por seu posicionamento nas urnas. Aliás, nordestinos só, não, baianos mesmo. Foi o marqueteiro Geraldo Valter, um baiano, um dos principais homens da comunicação na primeira campanha vitoriosa do então candidato a presidente Fernando Henrique Cardoso, do PSDB.

Morto prematuramente, Geraldão, como era mais conhecido, não participaria da reeleição, que foi vencida pelo tucano com o apoio de outro baiano, Nizan Guanaes. Na sucessão de FHC, Duda Mendonça revolucionaria a imagem do candidato, pavimentando sua ascensão ao Planalto. Nordestino e baiano, Duda fora recrutado por José Dirceu para fazer a campanha do petista, que tentava se eleger à Presidência pela quarta vez, e deixara claro que sem uma mudança completa na forma de se comunicar e comportar de Lula, diminuindo inclusive a desconfiança de uma classe média então refratária ao petismo, não havia condições de o candidato se eleger.

Foi ouvido em todos os detalhes por um grupo que não aceitava mais ser derrotado na corrida presidencial, cravou o famoso “Lulinha paz e amor” e saiu da histórica disputa com uma marca de vencedor tão grande quanto a do próprio candidato. Depois de admitir publicamente que sua empresa recebera recursos “não contabilizados”, Duda afastaria-se, pelo menos publicamente, do PT, deixando em seu lugar um profissional que o auxiliara até então e, com a vitória de Dilma, se transformaria na nova estrela do marketing político nacional. Por acaso um nordestino? Com certeza, outro baiano.

Trata-se de João Santana, um ex-jornalista e intelectual que atuou em veículos de comunicação no Estado, integrou-se desde o início a um seleto grupo de marqueteiros políticos e hoje é considerado um gênio da comunicação na área, principalmente pela forma como “vendeu” a presidente e tirou de forma terrorista da prateleira para o consumo eleitoral, um a um, seus principais adversários, primeiro Marina Silva (PSB), e, no segundo turno, Aécio Neves, do PSDB. Será que um marqueteiro nordestino, verdadeiramente competente, diria num comercial que o dinheiro desviado da Petrobras daria para construir 12 novos estádios de futebol, como fez a campanha de Aécio?

Ou afirmaria que daria para criar milhares de novos benefícios do bolsa família? Não há como contestar que a comunicação, assim como os debates, tiveram peso decisivo na eleições que opuseram mais uma vez PT e PSDB no país. Nem que a Bahia seja um verdadeiro celeiro de marqueteiros, assim como de atores. Mas, a contar pelo histórico recente das disputas presidenciais, parece que os homens de marketing escolhidos pelos principais adversários do petismo têm tido uma dificuldade imensa de compreender como funciona um país que, de fato, vive uma divisão genuína decorrente de uma profunda desigualdade social que é uma das suas marcas mais vergonhosas.

Artigo publicado originalmente no Tribuna da Bahia*

Raul Monteiro

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